terça-feira, 7 de junho de 2016

Humanização de espaços médicos - Sala de espera em consultórios (parte I)

Fonte: istoe.com.br


Se existe um lugar em que nos sentimos frágeis é em uma sala de espera de um médico. Primeiro porque se estamos ali, na maioria das vezes esperamos um diagnóstico e segundo porque a simples espera nos enche de ansiedade. Este é um espaço obrigatório para todos, desde a criança que nasce e já passa a fazer visitas periódicas ao pediatra, até o adulto que ora precisa tratar uma gastrite, ora uma enxaqueca e assim por diante. Isso sem entrar no âmbito de um hospital (corredores e quartos). Casos mais esporádicos, mas ainda assim obrigatórios em algum momento da vida.

Agora você pode estar se perguntando, o que uma arquiteta tem com isso? Se você é médico ou trabalha em alguma clínica, a minha pergunta é só uma: A sua recepção é um espaço confortável termicamente e visualmente? Possibilita que o paciente se sinta bem ou que ele sinta que está esperando em um lugar frio e sem aconchego nenhum? Você já ouviu falar sobre espaços humanizados?

Humanizar um espaço é dar a ele potencial de um ambiente familiar aos usuários. Você pode conseguir esse efeito utilizando peças de decoração, texturas diferenciadas, cores e até mesmo a introdução de vegetação no ambiente. Mas a arquitetura vai além disto, desde a concepção inicial do prédio até a disposição da mobília que pode mudar e muito a sensação que temos quando acessamos um espaço.

Imagine que você vai receber o resultado de um exame muito importante, e apesar de não demonstrar, está com medo. Você chega à consulta com cinco minutos de antecedência e a recepcionista informa que o médico teve uma emergência no hospital e seu atendimento terá que esperar. Então você procura uma cadeira para sentar, logo percebe que as cadeiras estão enfileiradas como em uma sala de aula e são de um material desconfortável. Já sentado você procura algo pra ler, pega uma revista e percebe que a luz é extremamente branca no ambiente, refletindo diretamente na folha da revista, o que causa em você um desconforto visual e incapacidade de se concentrar na leitura. Nesse momento o medo e ansiedade que você estava sentindo quando chegou começam a tomar proporções maiores, sensações ruins tendem a aumentar com o desconforto espacial. O ar condicionado está ligado mas você se sente em um lugar sufocante, não vê nada através de janelas, nenhuma planta, nenhum pedaço de céu, muito menos algum raio de sol!

Perceba que a ideia de um espaço confortável vai além dos elementos básicos e funcionais para uma recepção médica. Imagine que ao invés de cadeiras de plástico enfileiradas o ambiente fosse dividido em pequenas salas de estar, com sofás, poltronas e piso quente. Imagine que o local tenha uma ventilação natural confortável e cores que lembrem mais um dia quente do que um dia frio. Imagine uma grande janela envidraçada para um jardim bem cuidado e luzes posicionadas de forma indireta. Um ambiente humanizado não vai mudar o resultado do exame, mas ele pode suavizar o momento evitando desgastes desnecessários no paciente.

Cada espaço é uma extensão do ser humano na sua forma de habitar, trabalhar, conviver e viver e é dessa forma que deve ser pensado, levando em conta sempre a cultura da região.



Contato: arquiteturavp@gmail.com

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